Na esteira da COVID-19, a redução da globalização e a mudança de atitudes políticas estão começando a moldar a maneira como os consumidores compram.

Nesse contexto, o localismo tem ganhado cada vez mais força em todo o mundo.

Não se trata de um movimento novo. No entanto, agora ele parece encontrar o cenário perfeito para se desenvolver e se tornar o novo padrão de consumo.

Durante a pandemia, com as fronteiras fechadas, restrição de circulação e interrupções na cadeia de abastecimento, os consumidores começaram a procurar comércios locais e a adaptar seus gostos e hábitos de compra.

Mesmo antes da COVID-19, os consumidores gostavam da ideia de alimentos de origem local, mas isso não foi colocado em prática como agora. 

No cenário atual, as empresas estão se adaptando para oferecer soluções de entrega de produtos locais e os consumidores provavelmente continuarão a contar com fornecedores locais, à medida que a confiança e as relações entre eles aumentam.

Mas será que o localismo veio para ficar? Para responder a essa pergunta, é preciso entender porque os consumidores estão preferindo comprar de que está localizado mais próximo. Confira!

  1. Quais fatores estão impulsionando o localismo?

Localismo não é um termo novo. Ele sempre foi utilizado nas relações sociais, especialmente quando se fala em gestão pública.

É da ideia de localismo que surgiram pequenas organizações sociais, como associação de moradores nos bairros, dentre outras.

Assim, esse movimento parte do pressuposto que as comunidades locais precisam se unir em torno de objetivos comuns para melhorar a convivência e as condições de vida de determinada região.

Aplicado ao comércio, o localismo pode ser entendido como um movimento em prol dos comerciantes locais, geralmente de pequeno e médio porte.

Mas, não apenas isso. Essa ideia pode ser expandida e atrelada, por exemplo, ao consumo de produtos nacionais, em detrimento aos importados. Ou ainda, produtos do Mercosul em oposição a aqueles oriundos de grandes exportadores como China e Estados Unidos.

No entanto, o foco principal do localismo está voltado para um cenário microeconômico. Isto é, mais a nível de bairro.

Mas, quais aspectos têm impulsionado esses movimentos no dia de hoje? Conheça os principais deles a seguir.

1.1. Redução da circulação dos consumidores

Desde que surgiu a covid-19, governos em todo mundo adotaram medidas sanitárias visando a reduzir a circulação de pessoas e, consequentemente, do vírus.

Isso ocasionou uma mudança brusca na rotina de muitas pessoas. Segundo levantamento realizado pela Fundação Instituto de Administração (FIA) em todo o Brasil, 46% das empresas durante a pandemia.

Sem a necessidade de se locomover em função do trabalho, muitos consumidores mudaram seus hábitos de consumo, que passaram a se concentrar em seus próprios bairros e pela internet.

Conforme mostra o relatório da Mastercard SpendingPulse, em 2020, o e-commerce brasileiro cresceu 75% em 2020,  quando comparado ao ano anterior.

Um outro estudo, realizado pela consultoria Kantar, revelou que, durante a pandemia, 75% dos entrevistados passaram a comprar em mercados mais próximos de casa.

Além da comodidade, esse novo hábito de consumo também foi impulsionado pela conscientização das pessoas em torno da necessidade de se evitar lugares com muita aglomeração, algo característico de grandes centros comerciais.

1.2. Apoio aos pequenos comerciantes durante a pandemia

Para conter o avanço do coronavírus, diversos estados e municípios adotaram medidas que impactaram significativamente o comércio, como redução do horário de funcionamento ou até mesmo suspensão temporária de atividades não essenciais.

Diante disso, passou a ser amplamente noticiado as dificuldades enfrentadas, principalmente, pelos pequenos negócios, que em geral, estão localizados fora dos grandes centros comerciais.

De certo modo, isso impulsionou o movimento de valorização do comércio local, para ajudá-los a superar esse momento de grande dificuldade.

1.3. Ascensão do Mobile Commerce

Mobile Commerce, ou simplesmente m-commerce, é o termo que se refere a prática de realizar compras por meio de dispositivos móveis.

Geralmente, esse processo se dá por aplicativos, desenvolvidos pelas próprias empresas ou por plataformas de terceiros, como Rappi, James, Ifood e Uber.

Inicialmente, essa prática era muito centrada nos segmentos de food services. No entanto, hoje ela se estendeu e abarca farmácias, mercados, pet shops, lojas de bebidas dentre muitas outras.

Nessa modalidade de compra, dois fatores possuem grande influência no processo de decisão dos consumidores: prazo de entrega e valor do frete.

Portanto, os comércios localizados próximos aos consumidores possuem grande vantagem, uma vez que conseguem entregar mais rápido a um menor custo.

1.4. Experiência de compra otimizada

O comércio de bairro, na maioria dos casos, possui uma grande vantagem em relação aos estabelecimentos localizados em grandes centros comerciais: um contato mais humanizado com seus clientes.

Isso é possível graças à frequente interação das lojas de bairros com seus consumidores, os quais, em alguns casos, conhecem, mesmo que de vista, as pessoas que moram em determinada região.

Dessa forma, torna-se mais fácil criar vínculos e identificação do cliente com a marca.

Além disso, muitos dos pequenos comerciantes têm inovado para garantir a satisfação do cliente nesses tempos em que o digital ganha cada vez mais espaço.

É o que mostra uma pesquisa realizada pelo Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado de São Paulo (Sincovaga) com varejistas de pequeno porte na capital paulista. Nesse levantamento, 70% das empresas entrevistadas revelaram que já possuem um canal de vendas por aplicativo.

Além disso, é notório que cada vez mais comerciantes têm buscado canais de venda digitais, seja por meio de e-commerce próprio, marketplace ou ainda utilizando as redes sociais, como Instagram e Facebook.

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Segundo levantamento do Sebrae, 69% dos pequenos negócios possuem canais de venda online.

Aumentou também o número de pequenas e médias empresas que passaram a aceitar métodos de pagamentos modernos. De acordo com pesquisa global da Visa, no final de 2020, 82% das MPEs pesquisadas tinham adotado novas formas de tecnologia digital para oferecer melhores experiências de compra a seus clientes.

Além disso, no mesmo levantamento, 35% dos entrevistados disseram ter a intenção de investir na aceitação de pagamentos via dispositivo móvel e 42% em parcelamentos para pagamentos online.

  1. O localismo sobreviverá ao fim da pandemia?

Conforme já mencionado, a pandemia foi um grande impulsionador do movimento de localismo. Por isso, é de se imaginar que, com o fim das medidas de distanciamento social, essa tendência perca sua força.

Porém, há diversos fatores que mostram que o localismo veio para ficar. Conheça alguns deles:

2.1. Mudança de hábito

Os consumidores, inicialmente, recorreram ao localismo ou por necessidade ou por comodidade.

No entanto, com o passar do tempo, esse movimento ganhou força e se tornou uma espécie de filosofia de consumo.

De fato, hoje muitas pessoas enxergam o localismo como uma forma de contribuir para o desenvolvimento de sua região e acredito que a prosperidade dos comerciantes locais é importante para todos.

É certo que, ao aderir ao localismo, os consumidores contribuem para o crescimento dos estabelecimentos locais, que por sua vez podem investir em melhorias de infraestrutura de lojas, ampliar suas instalações e oferecer mais benefícios e facilidades aos clientes.

Além disso, esse movimento ajuda a gerar empregos na localidade. Além disso, o aumento de circulação nos bairros, muitas vezes, é acompanhado de ações por parte do poder público, como melhoria de calçadas e vias e maior atenção à segurança.

Para completar, realizar compras no comércio local, para muitas pessoas, tornou-se um hábito. Ou seja, se as pessoas estiverem satisfeitas com o atendimento, condições e métodos de pagamento, entrega, preços, etc. dificilmente elas adotarão outra prática de consumo.

2.2. O home office veio para ficar

Mesmo antes da pandemia, os modelos de trabalho mais flexíveis já eram apontados como as maiores tendências do mercado de trabalho para os próximos 10 anos.

Porém, a pandemia antecipou, forçosamente, a adoção desses regimes de trabalho, os quais muitas empresas pretendem manter mesmo após o fim das restrições sanitárias.

Uma pesquisa da IDC Brasil, realizada a pedido do Google Workspace, revelou que 43% das empresas que já definiram o modelo de trabalho pós-pandemia optaram pelo regime híbrido, aquele que mescla home office e presencial.

Aliás, esse também é o regime de trabalho preferido dos colaboradores. Uma pesquisa realizada pela Capterra revelou que 66% dos funcionários de PMEs preferem trabalhar no sistema híbrido depois que a pandemia acabar.

Essa mudança do mercado de trabalho, que ocasiona a diminuição da circulação de pessoas, é um dos fatores que devem continuar impulsionando o localismo no futuro.

2.3. Modernização das pequenas e médias empresas

Conforme já mencionado, muitas PMEs investiram em tecnologia durante a pandemia e devem manter essas iniciativas digitais de agora em diante.

Hoje, mesmo as lojas de bairro já possuem sistemas de gestão, soluções de frente de caixa integradas, pagamento por app, vendas online, dentre outras tantas iniciativas que otimizam a experiência do cliente.

Assim, nos comércios de bairro os consumidores têm encontrado quase a mesma conveniência oferecida por grandes empresas. Como vantagem, eles têm a proximidade física com o cliente, que garante a disponibilidade imediata ou muito rápida dos produtos.

  1. O que as pequenas e médias empresas podem fazer para se adequarem ao localismo? 

Apesar de toda a turbulência causada pela pandemia, nesse momento os comerciantes de bairro têm o cenário perfeito para alavancar seus negócios.

Com a popularização do localismo, eles podem investir em estratégias visando a conquistar a fidelidade do cliente para que ele permaneça comprando mesmo depois que acabar a pandemia. Para isso, é importante ficar atento a alguns pontos:

3.1. Valorize a experiência do cliente

De fato, propiciar uma experiência de compra positiva é um dos pontos centrais para alcançar a fidelidade do cliente. Para isso, é necessário investir em diversos fatores como:

  • Atendimento de excelência: o atendimento é um dos pontos mais importantes no processo de fidelização. Portanto, é importante que os varejistas se esforcem para superar as expectativas do cliente. (Conheça 5 dicas para ter um atendimento ao cliente de sucesso!) 
  • Personalização: todo cliente gosta e deseja se sentir especial. Hoje, as empresas podem atender a esse anseio graças à facilidade para obter dados que permitem mapear os gostos e preferências de cada consumidor. Assim, é possível oferecer ofertas, serviços e produtos personalizados.
  • Métodos de pagamento modernos: Hoje, grande parte dos consumidores utilizam métodos de pagamento digitais, como o PIX e as carteiras digitais. Por isso, os varejistas precisam estar atentos a essas novidades para não perderem nenhuma venda.
  • Canais de venda online: O e-commerce cresce ano após ano no Brasil. Para se beneficiar dessa tendência e também do localismo, as empresas devem oferecer canais de venda digitais para que os clientes tenham uma opção para comprar dos comerciantes locais na internet.

3.2. Invista em sistemas de gestão

Os empresários que desejam se beneficiar do localismo para impulsionar seus negócios, precisam capacitar suas empresas para esse processo.

Isso, sem dúvidas, torna-se mais fácil com a utilização de um bom sistema de gestão.

Ao abrir novos canais de venda e incorporar novos métodos de pagamento, as operações empresariais, inevitavelmente, se tornam mais complexas.

Um sistema de gestão, por outro lado, torna tudo mais simples. As melhores soluções permitem, por exemplo, uma gestão de estoque que unifica lojas digitais e físicas, integração com métodos de pagamento digitais e sistemas de frente de caixa, dentre muitas outras funcionalidades.

Além disso, os sistemas são importantes fontes de dados, que permitem às empresas entender melhor seu público e, assim, realizar ações de marketing e estratégias de personalização assertivas.

Conclusão

O localismo representa uma importante mudança para os varejistas. Aqueles que conseguirem adequar suas operações a esse novo modelo de consumo, possuem grandes chances de obter importantes vantagens competitivas.

Por isso, nesse momento, para as PMEs é muito importante trabalhar para conquistar cada vez mais consumidores e também para não perdê-los para a concorrência ou para as grandes empresas no pós-pandemia.

A adoção de um sistema de gestão eficaz pode ser crucial para capacitar as empresas para o localismo. Com a ferramenta certa, é possível melhorar a gestão de estoque, o controle das finanças, os processos de compra, agilizar o atendimento na frente de caixa, gerenciar os canais de venda online, dentre muitos outros benefícios.

O localismo, de fato, vai perdurar por muito tempo e as empresas que se adequarem mais rapidamente a esse movimento têm muito a ganhar.

Agora você já sabe por que os consumidores estão preferindo comprar de quem está localizado mais próximo e os desdobramentos desse novo hábito.

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