O boleto bancário é um dos principais meios de pagamento utilizado no Brasil. Uma pesquisa realizada pelo E-commerce Brasil em parceria com o Sebrae aponta que 75% dos consumidores escolhem o boleto bancário como opção de pagamento.
Por isso, é muito importante que todos os varejistas considerem essa modalidade de cobrança.
Mas, afinal, você conhece a fundo como a cobrança por boleto bancário funciona? Continue a leitura para descobrir!
O que é o boleto bancário?
Trata-se de um método de pagamento regulamentado pela Federação Brasileira de Bancos e que, comumente, é usado para pagamentos de serviços públicos, aluguel, compras em e-commerce, etc.
No boleto, existe uma espécie de formulário semelhante a uma fatura que é emitida para o usuário final. Nele constam informações como emissor (beneficiário), endereço do beneficiário, sacado (pagador), valor, data de vencimento, código de barra para pagamento, etc.
Quando o Boleto foi lançado originalmente em 1993, ele foi projetado para funcionar exclusivamente com dinheiro. Ou seja, só era possível pagá-lo utilizando dinheiro em espécie.
Nos últimos anos, esse método de pagamento evoluiu para trabalhar com transferências bancárias, online e offline.
Por que o boleto bancário é tão popular?
O boleto bancário pode ser considerado uma opção de pagamento extremamente democrática, uma vez que pode ser emitido para qualquer pessoa, sem acarretar qualquer custo adicional para o cliente. Essa é apenas uma das razões que faz dele uma excelente alternativa para concretizar transações financeiras.
A facilidade para quitar o boleto também é um fator essencial para o sucesso dessa modalidade de pagamento. Existem milhares de locais em todo o Brasil onde um boleto pode ser pago: caixas eletrônicos, agências e serviços bancários na Internet de qualquer banco, agência dos correios, lotéricas e alguns supermercados.
Outro fator que contribui para a popularidade do boleto é o número de “desbancarizados”. No Brasil, 1 a cada 3 habitantes maiores de 18 anos não possui conta bancária. Além disso, o valor da anuidade do cartão de crédito faz com que muitos consumidores evitem essa opção de pagamento.
Assim, o boleto torna-se onipresente, gerando cerca 50 milhões de transações por mês. Quando se trata de compras on-line, o boleto é especialmente popular para itens caros porque muitos consumidores ainda têm receio de fornecer seus dados pela internet ou não possuem limite de crédito suficiente.
Além disso, é comum que os comerciantes ofereçam descontos para pagamentos com boleto, porque não há risco de estorno e o pagamento é feito antecipadamente. Ou seja, a mercadoria só é enviada depois de confirmada a quitação do documento.
O que quer dizer cada campo do boleto?
Embora mude o layout, todo boleto possui campos padronizados para preenchimento. Confira!
Sacado
É a pessoa física ou jurídica que deverá pagar o boleto. Nesse campo devem ser informados o Nome ou Razão Social e o CPF ou CNPJ. Essas informações são obrigatórias.
Cedente/Beneficiário
Este é o emissor da cobrança. Pode ser quem efetuou a venda da mercadoria ou a prestação do serviço ou um intermediário.
Sacador/avalista
É a pessoa física ou jurídica que deverá receber o dinheiro ao final da transação. Nesse campo, devem ser informados Nome e CPF ou Razão Social e CNPJ da pessoa que irá receber o pagamento.
Agência e Código do Cedente
A agência varia entre três e cinco dígitos. É número da agência em que o cedente possui a conta utilizada para emitir o boleto bancário. O Código do Cedente também é chamado de Código Beneficiário. Ele possui, no mínimo, seis e, no máximo, 12 números. A quantidade varia de acordo com a carteira de emissão.
Valor do boleto
É o valor da venda e deve ser expresso na moeda corrente brasileira, o real.
Data de vencimento
É o prazo limite para que o sacado efetue o pagamento. Caso a quitação ocorra após essa data, o sacado está sujeito à cobrança de mora, multa ou juros. Como medida para evitar a inadimplência, muitas empresas concedem descontos para quem pagar antecipadamente.
Multa de mora e juros
Como citado, os pagamentos realizados após a data de vencimento sofrem acréscimo de multa de mora e juros. Mora significa atraso. O Código de Defesa do Consumidor define que o máximo que pode ser cobrado é 2% do valor do título. Quanto aos juros, a lei determina que pode ser cobrado até é de 1% ao mês. A cobrança deve ser proporcional aos dias de atraso do pagamento.
Linha digitável
Trata-se de uma sequência de dígitos que identifica o documento. Esse número também está impresso no código de barras. Ela carrega todas as informações do boleto. Essa sequência de números pode ser utilizada para realizar o pagamento quando não for possível efetuar a leitura do código de barras.
Código de barras
É a representação da linha digitável para leitoras especiais. Todas as informações necessárias para pagamento estão contidas nessa parte do boleto.
Como funciona a cobrança por boleto?
Atualmente, existem diferentes maneiras para emitir um boleto. Confira as principais delas:
Manual, pelo Internet bank
Alguns bancos, por exemplo, já oferecem a opção de gerar o documento no próprio internet bank, uma opção interessante para microempreendedores e autônomos que possuem volume muito pequeno de transações.
Para isso, é preciso ter uma conta corrente em uma instituição bancária que ofereça a opção de emitir boletos. Depois, basta preencher os dados do cliente e demais informações como data de vencimento e valor.
No entanto, para as empresas que precisam emitir diversos boletos por mês, o ideal é investir e apostar na utilização de um sistema.
Automática, utilizando um sistema
Nessa modalidade, de modo geral, o funcionamento acontece da seguinte forma:
Você pode cadastrar seus clientes no sistema e, assim, emitir o boleto para consumidores recorrentes de forma rápida e fácil. Basta selecionar o cliente e informar o valor e a data de vencimento. Depois disso, é necessário fazer o registro bancário na instituição na qual a empresa possui a conta bancária (onde os pagamentos serão recebidos).
Periodicamente os dados dos boletos emitidos pelo vendedor são transmitidos para o banco por meio de lotes de arquivo de remessa. Ao receber esses arquivos, o banco registra os boletos em seu sistema e replica os dados para o sistema de compensação nacional.
Assim, as demais instituições financeiras também serão informadas da existência desses boletos e estarão aptas para receber o pagamento.
Depois que o boleto é pago, o banco junta os dados do pagamento em um arquivo de lote de retorno, que a empresa deve importar para seu sistema. Com o dinheiro já na conta, o sistema processa o arquivo vindo do banco com os dados dos boletos pagos e efetua a baixa.
Automática ou manual, por meio de intermediários
Existem empresas especializadas em emissão de boletos, mas que não são instituições bancárias. Elas atuam como intermediárias e são utilizadas por pessoas que não possuem conta corrente jurídica ou que desejam usufruir das vantagens que são oferecidas.
Muitas dessas empresas oferecem sistemas de cobrança por boleto que podem ser integrados ao ERP dos vendedores. Essas soluções ajudam a realizar o controle do contas a receber, automatizando a emissão de cobrança e a compensação por ocasião do pagamento.
Em outros casos, são oferecidos apenas um portal online e todas as inserções devem ser realizadas manualmente.
Vale lembrar que tanto os bancos como os intermediários cobram taxas para a emissão de boletos. Geralmente a cobrança é feita no momento da compensação, ou seja, quando o cliente efetua o pagamento. O valor varia de acordo com a política de cada instituição ou empresa.
Quais são os tipos de boleto?
Nem todo boleto é igual. Existem alguns tipos diferentes que podem ser utilizados conforme a necessidade de cada empresa. Confira!
Boleto sem registro
Essa modalidade de boleto vigorou até o final de 2018, quando foi definitivamente extinta. Nela, informações como dados do comprador, a data de vencimento e o valor da compra não eram repassadas ao banco.
Apesar de, muitas vezes, gerar problemas de controle para o vendedor, essa modalidade era bastante utilizada porque conferia maior flexibilidade. Por exemplo, era possível acordar uma nova data de pagamento com o comprador sem a necessidade de emitir um novo boleto ou comunicar ao banco.
Boleto com registro
Essa modalidade está em vigor até hoje. Nela, devem constar todas as informações básicas, a saber, o nome e CPF ou razão social e CNPJ do comprador e do vendedor, valor da transação e data de pagamento. Além disso, caso seja permitido o pagamento após o vencimento, é necessário informar as penalidades (multa, juros, taxa).
Essa é a modalidade de boleto mais comum atualmente e garante maior controle e mais direitos ao vendedor, quando comparada com o boleto sem registro. Por exemplo, se o comprador não pagar o boleto, o vendedor tem o direito de protestar o título.
Obviamente, esse direito é reservado a situações em que ocorre a transferência da mercadoria ou a prestação do serviço antes da quitação do documento.
Em uma compra no e-commerce, por exemplo, se o comprador não pagar, o vendedor apenas não envia a mercadoria. Não há aqui o direito de protesto, uma vez que a venda não foi concretizada.
Boleto recorrente
Essa modalidade permite que sejam realizadas cobranças frequentes, que são geradas automaticamente. É uma opção muito útil, por exemplo, para locatários de imóveis, uma vez que todo mês precisa gerar o boleto para seus inquilinos. É possível definir a periodicidade com a qual o boleto será emitido (mensal, bimestral, trimestral, etc).
O sacado (pagador) recebe o documento para pagamento, geralmente, por e-mail, com pelo menos dez dias de antecedência ao vencimento.
Carnê
Embora muitos desconsiderem, o carnê é uma espécie de boleto utilizado para cobrança de compras parceladas ou de serviços mensais.
Quais as vantagens do boleto?
Como vimos, o Brasil possui um número elevado de desbancarizados. Assim, o boleto é uma modalidade de pagamento que atende a essas pessoas, mas que também é muito bem aceita por todos.
As facilidades atuais para realizar os pagamentos é um dos fatores que confere ao boleto o status de uma das principais formas de cobrança em vigor no Brasil.
Além disso, alguns serviços públicos, como a taxa de emissão de passaporte, só aceitam essa modalidade de pagamento. Portanto, fica claro que o boleto ainda estará presente por muito tempo no mercado.
Em geral, podemos resumir as vantagens do boleto nos seguintes pontos:
● É fácil de emitir e amplamente aceito pelos compradores;
● Atende ao público sem conta em banco e sem cartão de crédito;
● Supre a necessidade de pessoas que possuem cartão de crédito, mas com limite baixo;
● Nas compras on-line, ainda é a opção preferida dentre aqueles que têm receio de informar os dados do cartão de crédito.
Dessa forma, vale destacar que oferecer a opção de gerar boleto no seu negócio, principalmente no e-commerce, é uma excelente oportunidade para os varejistas venderem mais.
Qual o melhor, boleto ou cartão de crédito?
Para os vendedores, ambas opções possuem vantagens e desvantagens. Por exemplo, o cartão de crédito tem as altas taxas das maquininhas e um prazo maior para que o dinheiro esteja disponível na conta bancária. Por outro lado, é possível concretizar a venda na hora e não há o risco de não pagamento.
Já o boleto tem maiores riscos de inadimplência, mas, por outro lado, possui um prazo de repasse muito menor. De modo geral, o melhor é oferecer ao seu cliente o máximo de opções possível. Assim, você valoriza sua experiência de compra e tem maiores chances de fidelizá-lo.
Para saber quais as modalidades de pagamento você deve oferecer, procure conhecer melhor o perfil do seu público alvo e tente entender quais suas preferências. Da mesma forma, você precisa conhecer todas as taxas que são cobradas por cada serviço.
Dependendo da representatividade, você precisa considerar essa despesa na determinação do preço de seus produtos, para que não haja impacto na sua lucratividade.
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