O burburinho de uma nova black Friday em setembro iniciou ainda em 2017, após seis anos da chegada da data comercial no Brasil. Na ocasião, a especulação da nova data propunha a realização da troca de data da ação ainda em 2018. O fato é que, em 2019, até então, nada mudou.
Recentemente, o tema voltou a ganhar destaque. Agora, o movimento iniciado por empresários varejistas conta com o apoio do governo, que vem estudando medidas a fim de incentivar as compras e favorecer o comércio.
Entenda melhor sobre a “nova black Friday”, os motivos que têm feito comerciantes e governo atuarem em conjunto na causa e outros detalhes sobre como essa novidade pretende movimentar o varejo!
Black Friday: a data comercial e sua representatividade no Brasil
Todo varejista sabe bem o que é a Black Friday. Há alguns anos a data entrou no calendário de ações promocionais do varejo de forma representativa. Não há como escapar!
Consumidores aguardam ansiosamente pelas promoções na última sexta-feira do mês de novembro, mesmo com o olhar desconfiado que a data ainda gera aos brasileiros por não trazer descontos como os de seu país de origem, os Estados Unidos (EUA), e o volume de empresas que geram falsos descontos na tentativa de aproveitar a oportunidade.
Nos EUA, a data foi criada no período para dar vazão ao estoque das lojas e, assim, conseguir repor as “prateleiras” com novidades e lançamentos para o Natal. Com a popularidade por lá, a ação se expandiu mundo afora, chegando ao Brasil em 2011, inicialmente, apenas on-line e atualmente também para o varejo físico.
O ponto é que, ao contrário dos norte-americanos, o apelo para as datas de final de ano está mais vinculado ao preço que às novidades e lançamentos. Com isso, a proximidade da Black Friday ao Natal vem gerando mais impactos negativos que positivos ao comércio brasileiro.
Black Friday em setembro ou novembro?
Segundo relatam comerciantes à frente do movimento, como Caito Maia, da Chilli Beans, a percepção é que, por aqui, os consumidores aguardam a Black Friday já para as compras de fim de ano, que ocorre no mês seguinte da ação (dezembro).
Com isso, o Natal passou a ser uma data de “lembrancinhas”, já que as compras mais substanciais têm ocorrido no evento, em novembro. Mais que impressões, os impactos têm sido constatados nos relatórios de vendas do comércio.
Desde 2015, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Natal já não tem a mesma força comercial como antes, quando era considerada a principal data do mercado. O desempenho comercial dos meses de novembro vêm superando os de dezembro.
Para se ter ideia, desde o ano 2000, quando foi iniciada a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), o Natal de 2016 apresentou o segundo pior resultado da história! Enquanto houve um crescimento de 1,1% nas vendas em novembro de 2016, o volume recuou 1,8% em dezembro do mesmo ano, comparado ao período.
Os dados divulgados pelo Serasa Experian na mesma época, reafirmam as suspeitas. No mesmo ano, as vendas realizadas em lojas de rua e shopping centers teve queda de 4% no natal, enquanto na semanada Black Friday houve um crescimento de 11%.
Os comerciantes à frente do movimento ainda alegam que a ação tem fomentado o costume do brasileiro em aguardar por grandes promoções e comprar só nelas. Nem mesmo as questões financeiras, como o recebimento do 13º mais fortemente em dezembro, tem auxiliado o varejo a fugir desses padrões.
A nova Black Friday em setembro e como ela pretende fomentar o comércio
A ideia inicial era a migração da Black Friday para setembro, afastando, assim, o período de compra promocional do natal. A proposta visava o distanciamento a fim de gerar os benefícios das vendas da data, sem prejudicar a, até então, melhor data do varejo brasileiro.
Ainda sem sucesso, por diversos fatores, uma nova discussão ganhou força em 2019: a criação de uma segunda data promocional, a nova Black Friday em setembro. Agora, com o envolvimento do Governo.
A nova Black Friday, em pauta, tem como data em negociação dos dias seis a 15 de setembro, semana que engloba a “Independência do Brasil”. Estrategicamente, a ação será nomeada como “Semana do Brasil”.
A ideia, que desta vez partiu do próprio Governo, está dentre as ações propostas para o fomento econômico. Neste primeiro ano, a ideia é que venha em menor proporção, justamente devido ao prazo para ativação da proposta.
A força para dar continuidade à ação veio após a confirmação do projeto, recentemente anunciado, de liberação de recursos parciais do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, mais conhecido como FGTS, para saque dos contribuintes.
Para estimular o gasto dos saques do Fundo no comércio, reaquecendo a economia, está em discussão junto ao Governo a redução, ou mesmo isenção, da cobrança do Imposto Sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), durante o período da Nova Black Friday em setembro.
Migrar ou não migrar a data, eis a questão
Apesar do fomento para a criação de uma nova data, os comerciantes ainda acreditam que seja importante a migração, pois o problema inicial relatado não seria resolvido – apesar do fomento maior para as compras em setembro, com a nova Black Friday.
Como o mês de novembro é também marcado pelo início do pagamento da primeira parcela do 13º em muitas empresas, a ação de novembro ganharia novo fôlego, mesmo após a nova data comercial proposta e continuaria enfraquecendo o Natal diante das ofertas e promoções.
O movimento de migração da Black Friday em setembro conta com diversos apoiadores com visão similar aos varejistas à frente deles. A Associação Brasileira de Shopping (Alshop) é uma delas, mas a posição não é unânime.
Para a Câmera Brasileira do Comércio Eletrônico (câmara-e.net), por exemplo, a migração prejudicaria as operações. Além de a data ficar diferente de todo o restante do mundo, o que faria perder o apelo global de marketing que a Black Friday traz, o 13º entra em pauta como retirada de poder de compra em setembro.
Independentemente da sua posição em ter a nova Black Friday em setembro, migrar a data da ação global no Brasil ou manter tudo como está, você não pode deixar de se preparar para aproveitar as oportunidades que cada um dos cenários traz.
Confira nosso texto com 10 dicas para preparar sua loja na Black Friday e comece já a planejar suas ações!
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