As mudanças no comportamento do consumidor têm impactado diversos setores. Com ciência de seu poder de decisão e de sua força para determinar novos processos e condutas nas empresas, impulsionado pelo mundo digital, o varejo físico tem sofrido impactos, sendo até mesmo questionado sobre a sua morte.
Não há como negar que empresas visionárias do setor varejista aproveitaram deste conhecimento para reinventar o segmento. Unindo as informações disponíveis a uma visão centrada no consumidor, ocorre então a transformação digital, que vem se estabelecendo em grandes potências mundiais de consumo e ganhando força no Brasil.
Varejo físico x on-line: mudanças e seus impactos
Estamos em um dos países que mais gasta horas conectado à internet no mundo, e isso não é segredo. Segundo dados do Comitê Gestor da Internet no Brasil, o brasileiro passa mais de 9 horas por dia on-line: tempo superior aos Estados Unidos, atrás apenas da Tailândia e das Filipinas.
O estudo aponta, ainda, que os aparelhos celulares são fonte de acesso exclusiva da maior parte dos internautas, totalizando 49% deles. É de se esperar que a conectividade gerasse impactos na forma como as pessoas se relacionam, inclusive com as marcas e, claro, na forma de consumo.
Com o ganho de confiança e maior acessibilidade digital, aos poucos o impacto é refletido não apenas nas vendas, como também no fluxo de visitantes do varejo físico.
Para se ter uma ideia, segundo o ISV (Índice Seed de Varejo) realizado pela SEED (empresa de inteligência para varejo físico), esse fluxo de visitas nas lojas de rua e shoppings começou a sofrer forte retração já em 2016.
De acordo com os dados, foram 12% a menos de visitantes nas lojas físicas em relação ao ano anterior (2015), e o sindicadores permanecem em queda. Em reporte divulgado em 2019 pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), em parceria com a FX Retail Analytics (especialista em análise de fluxo no varejo), o primeiro trimestre registrou retração de 1,44% no fluxo de visitantes, analisando todo o cenário nacional.
Quando analisadas as vendas, os impactos no varejo físico também são visíveis. No mesmo período (2016), nota-se perceptíveis mudanças no comportamento de compra entre o varejo físico e o digital. Em março do referido ano, por exemplo, o setor começou a ser impactado com a queda de 1,6% no volume total de vendas.
Enquanto isso, o comércio eletrônico registrou um crescimento de 26%. Estes dados são divulgados periodicamente nos veículos de comunicação de maior respaldo no País, e seguem apresentando reações similares com o passar do ano – para se ter ideia, em 2019, a projeção de crescimento do e-commerce é de 16%.
Com estes impactos, os varejistas passam a reavaliar canais de vendas. Em 2018, por exemplo, a expectativa de abertura de lojas físicas era de 75% a menos que no período anterior, segundo a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).
O varejo físico não está morrendo – mas precisa se reinventar!
Talvez você esteja concluindo que o varejo físico está morrendo, mas esta não é uma verdade. Pelo contrário!
Assim como os demais setores impactados pela transformação digital, a necessidade de se reinventar é prioridade. Mas as análises para definições não devem ser rasas a ponto de considerar uma migração exclusiva do varejo físico para o digital. Afinal, as vendas continuam crescentes.
O ponto importante para a reflexão se dá em entender como as mudanças de comportamento do consumidor, aliada a esses dados, entregam vantagem competitiva para as marcas varejistas.
É possível notar, por exemplo, como os mercados internacionais vêm se reinventando. Isso é fácil de entender quando, ao acompanhar as tendências do setor, você se depara com a revolução gerada pelo chamado Novo Varejo (New Retail), de Jack Ma, CEO da Alibaba, potência varejista chinesa.
Neste conceito, on e off-line não são opositores ou concorrentes, mas parceiros para a entrega de uma experiência de consumo mais completa, aliando tecnologia, necessidades e comportamento.
Por definição do seu criador: “o New Retail não é somente O2O, mas a combinação perfeita entre logística, sistema de pagamentos, blockchain e políticas.
Este cenário concede ao varejo físico, no Brasil, um olhar de oportunidades e novos caminhos de reinvenção. A experiência ganha força com a aliança por meio de diversos recursos e fatores, mas traz uma atenção especial às chamadas lojas Pop-up (ou Pop-up Stores). Você já ouviu falar delas?
As lojas pop up e sua relevância para o novo varejo
No novo varejo, o varejo físico não perde força. Pelo contrário: ele entra com um papel estratégico para alavancar as vendas, proporcionando experiências sensoriais, mas possibilitando a otimização de recursos conforme interesse demonstrado pelos consumidores.
Elas têm duração predeterminadas, mas esse prazo pode variar consideravelmente – seja para atender um objetivo, uma oportunidade ou uma demanda.
Devido a esse ponto, elas estimulam o senso de urgência do consumidor, que sabe que aquele contato é por tempo determinado. Contudo, elas podem apresentar variações, sendo utilizadas como ponto de apoio nas escolhas do consumidor.
Aqui no Brasil, por exemplo, uma marca que vem trabalhando de forma pioneira e inovadora é a Amaro. Com lojas em pontos estratégicos, sua participação no varejo físico permite ao cliente o contato com os itens de vendas – neste caso, roupas.
Além de poder conhecer os produtos, os consumidores podem vivenciar a experiência da marca em si, entendendo tamanhos, tecidos e outros aspectos sensoriais. A diferença está na compra.
No ponto de varejo físico, o consumidor pode realizar compras por meio de computadores disponibilizados ou mesmo pelo seu smartphone, sem a necessidade de contato direto com vendedores ou filas de caixa para pagamento.
O produto é entregue em casa e, dependendo de onde está, o item pode chegar em poucas horas. Demais, não?
Outros potenciais varejistas iniciaram o movimento no País, e buscam o entendimento da necessidade de seus públicos para delinear experiências que favoreçam o consumo. Contudo, não apenas este exemplo deve ser seguido.
A reinvenção do varejo físico pode vir de diversas formas e deve, justamente como citamos anteriormente, entender as necessidades de seu público em questão.
Um outro exemplo considerável é a reabertura da famosa loja de brinquedos F.A.O Schwarz, em Nova Iorque, em um dos pontos mais visitados da cidade: o Rockfeller Center.
A loja é famosa em todo o mundo. Se você tem mais de 30 anos, certamente deve lembrar dela: a loja onde Tom Hanks toca piano com os pés no filme “Quero ser grande” e que já foi cenário também de cenas em “Esqueceram de mim”, clássicos para as então crianças da época.
Em 2015, ela fechou as portas devido aos altos custos de locação e outros problemas de gestão, demonstrando já os impactos no varejo físico, mesmo apesar de toda a sua fama. Atualmente, em uma estrutura mais enxuta, ela traz à loja experiências ao consumidor que favorecem não apenas o aumento no fluxo da loja, como também gerando desejos e impulsionando vendas.
O ponto alto de sua estrutura permanece sendo o famoso piano, que é um dos responsáveis por continuar atraindo grande fluxo para o estabelecimento. Contudo, outras tecnologias e experiências são favorecidas para trazer sustentabilidade à histórica loja.
E não para por aí! Existem outros diversos casos que podem ser analisados inspirando você a reinventar sua loja, provando por conta própria que o varejo físico não está morto e ainda tem muito a entregar!
Aproveite para conhecer outras tendências sobre o futuro do varejo em nosso blog.
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