Segundo informações do Fundo Monetário Internacional (FMI), a economia chinesa é hoje a segunda maior do mundo, com um Produto Interno Bruto de aproximadamente US$ 12 trilhões.

Somente atrás dos Estados Unidos, o PIB chinês cresce a uma taxa média de 7% ao ano – no primeiro trimestre de 2018, o crescimento foi de 6,8%.

O crescimento do varejo na China

Se você acha que essas potências orientais se baseiam apenas na indústria, você está enganado. Investindo em tecnologia e inovação, hoje a China está na crista da onda do varejo, estabelecendo tendências e vendendo para o mundo inteiro – inclusive para o Brasil.

Nos últimos anos, nomes como Alibaba e Tencent deixaram de ser potências do comércio chinês para se tornarem conhecidas por todos.

Quer um exemplo?

Você sabia que mais da metade dos brasileiros que compram pela internet consultam sites chineses como o Aliexpress e Wish para pesquisar preços? Segundo pesquisa da Pitney Bowes, os artigos mais procurados são os de eletrônicos (31%), moda (29%) e informática (27%).

Conforme dados da Trading Economics, o comércio chinês hoje cresce a percentuais maiores que a economia geral do país.

Nos seis primeiros meses de 2018, o varejo do país teve um aumento médio de 9% sobre o registrado em 2017, puxado especialmente pelo e-commerce, que representa 20% de todo o seu comércio. No Brasil, esse percentual é de apenas 4%.

Depois de todos esses dados, não é difícil deduzir que o comércio brasileiro tem muito a aprender com o exemplo chinês, que rapidamente se colocou na linha de frente do varejo mundial.

Mas afinal de contas, o que os chineses estão fazendo certo com seu comércio, e o que nós podemos aprender com isso?

Bem, aqui vão algumas ideias:

Ecossistema em vez de segmentação

No conceito tradicional do varejo, a experiência de compra ainda se restringe ao chamado “main street”, ou “loja a loja”.

Consumidores ainda vão em determinados tipos de lojas para comprar determinados tipos de produto. Existem lojas de eletrônicos, assim como tem lojas de roupas, sapatos, brinquedos – ou quando se deseja comprar mantimentos, se vai ao supermercado.

Mesmo que eles já conheçam a experiência de comprar em e-commerces que reúnem todo tipo de produto (lá fora, o maior exemplo é a Amazon), muitos ainda tem o costume de comprar de forma segmentada.

No varejo eletrônico chinês, praticamente tudo pode ser comprado em único lugar. Sites como Aliexpress oferecem milhões de produtos em dezenas de categorias. Isso é possível através dos chamados ecossistemas de vendedores – ou marketplace.

Estes sites funcionam como plataformas em que diferentes tipos de vendedores oferecem seus produtos, e os clientes podem adquiri-los de forma centralizada.

É como o nome em inglês (marketplace) indica: imagine todas as lojas que o cliente precisa, dentro de uma única plataforma, na qual os clientes podem se relacionar diretamente com todo tipo de vendedor.

E como existem uma enorme quantidade de vendedores, os preços também ficam lá embaixo.

Foco na conveniência e mobile pay

O nível de conveniência oferecido aos compradores chineses vai muito além dos marketplaces – como se a possibilidade de comprar praticamente tudo o que se precisa em um único lugar não fosse suficiente!

Outro diferencial está nas formas de pagamento, como o Alipay (do Alibaba) e WeChat Pay, que é um sistema de pagamento dentro de um aplicativo de comunicação no estilo WhatsApp.

Estes serviços digitais permitem que as pessoas fechem suas compras digitalmente com um cartão de crédito, sem precisar sequer abrir suas carteiras.

E isso não vale somente para os comércios digitais: hoje em dia, a maioria das lojas físicas chinesas já contam com terminais compatíveis com estas soluções de pagamento. Aliás, tais aplicativos já permitiram a criação de lojas totalmente self-service, em que os próprios compradores fazem seu checkout.

Extremamente difundido na China, o uso dos pagamentos móveis vai muito além das compras: para muitas pessoas, estes apps funcionam até como seu meio bancário, pelos quais elas pagam contas e transferem dinheiro para outros.

Na visita em que a diretora executiva do Cake ERP, Grasiela Tesser, fez recentemente à China, o uso das plataformas móveis foi um dos temas que mais chamam a atenção.

“A população chinesa utiliza o celular como uma extensão de sua experiência de compra. Todo o processo é feito por ali: da pesquisa de preço ao fechamento e pagamento, os dispositivos móveis são a base do comércio do país, tanto que as lojas físicas também precisaram se adequar a isso para manterem-se práticas e atraentes”, destaca Grasiela.

Expansão para o Ocidente

Conforme falamos no início do texto, boa parte dos brasileiros já são familiares com a compra de produtos em sites chineses. Em 2017, foram mais de US$ 2,7 bilhões gastos por consumidores brasileiros no e-commerce chinês, conforme informações da Fecomércio SP.

Em 2017, foram mais de US$ 2,7 bilhões gastos por consumidores brasileiros no e-commerce chinês, conforme informações da Fecomércio SP.

Essa expansão também ocorre em outros países do mundo que ainda estão acordando para o e-commerce e guardam um grande potencial de receita, como Rússia e Índia.

O que podemos fazer?

Existem muitas razões pelas quais o e-commerce chinês cresce tão rápido, elas vão muito além da grande população compradora no país.

A rapidez do país em adotar novas tecnologias e testá-las sem medo dos possíveis impactos é uma dessas razões.

Enquanto o varejo ocidental ainda se prende aos efeitos de uma possível mudança massiva no modelo comercial, os chineses implementam – vide o exemplo de sistemas como WeChat, que foi lançado em 2011 e já conta com mais de 1 bilhão de usuários ativos diariamente.

O real crescimento do comércio chinês vem do foco em inovação e no destemor de se adaptar e mudar com as tecnologias e os próprios consumidores.

Enquanto isso, o e-commerce do ocidente ainda vive amarrado às suas tradições, muitas vezes ainda parecendo as primeiras lojas que surgiram lá no final dos anos 2000.

O que podemos aprender com os varejistas chineses?

Definitivamente, podemos entender que já passou da hora de sairmos de nossa zona de conforto.

Confira abaixo o último vídeo da série da visita de Grasiela Tesser à China:

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